sexta-feira, 6 de março de 2015
CONHEÇA OS PERIGOS DOS ANABOLIZANTES
A testosterona e os esteroides anabólicos foram descobertos em 1935. Desde então, eles têm circulado entre praticantes de exercícios e em academias, trazendo perigos e danos à saúde. Tome cuidado!
Mesmo em casos de reais indicações farmacológicas, apenas um médico
pode prescrever os anabolizantes
Ilustração: Sueli Mendes
Vivemos uma epidemia no consumo de esteroides anabólicos no Brasil e no mundo.” Professor de uma rede de academias em São Paulo, Carlos Alberto Lima dos Santos, é categórico ao afirmar que o uso de anabolizantes só aumentou, nos últimos anos, entre praticantes de exercícios, esportistas e frequentadores de espaços de musculação. Embora se constate uma popularização no uso de esteroides, atualmente, faltam dados precisos sobre os números que indicam esse crescimento. “Infelizmente não sabemos ao certo o quanto isso cresce, por não haver pesquisas sérias que tragam indicadores precisos, deixando assim uma percepção geral do problema, sem informar a real situação”, lamenta Lima dos Santos. No entanto, ele relata que os instrutores das academias são constantemente abordados com dúvidas dos praticantes, sinalizando o desejo pelo consumo, ou com queixas sobre sintomas por parte daqueles que já estão sofrendo com o mal uso. O site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) também confirma: “O uso de anabolizantes vem se tornando, a cada dia, um hábito comum”.
Conhecimento é tudo
Diante do cenário apresentado, a empresa onde atua Lima dos Santos, decidiu implantar uma campanha com o objetivo de gerar conhecimento sobre o tema para a sua base de colaboradores, com a responsabilidade de orientar de forma segura sobre todos os riscos a que o usuário se expõe com a utilização desses artifícios. Optar pelo caminho do esclarecimento é a aposta da organização em que o especialista trabalha na defesa de uma prática de exercícios saudável e sem riscos. Entende-se que, quanto mais se sabe sobre essas drogas, maior será a possibilidade de se prevenir seus efeitos danosos. Confira a seguir como os esteroides anabolizantes funcionam, e saiba como preservar a sua saúde .
O que são exatamente
O esteroide anabólico é uma droga formada por testosterona ou que produz os hormônios por ela fabricados. São chamados de “esteroides” por conta de sua formação química: eles são ésteres, onde o radical primário é uma molécula de colesterol. “Anabolizante” é um termo popular e genérico que designa essas drogas. Porém, em vocabulário científico, qualquer substância que aumente a incorporação de massa no corpo pode ser considerada um “anabolizante”. “Nosso organismo é regido tanto pelo anabolismo (ganho de massa), quanto pelo catabolismo (perda de massa)”, explica Paulo Zogaib, médico do esporte e fisiologista do exercício da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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Onde tudo começou
Por volta de 1935, descobriu-se o efeito da testosterona no corpo humano. Como primeira consequência, as pesquisas apontavam o hormônio masculino como responsável pelas características sexuais secundárias no homem, a produção de espermatozoide, entre outros fatores, como explica o médico Paulo Zogaib. Resultados posteriores da presença da testosterona também foram constatados, como melhora na disposição e favorecimento na recuperação da atividade física. Bem próximo dessa descoberta, ocorreu o anúncio das drogas esteroides anabolizantes e já em 1938 já se tinha a produção delas.
Injeção ou via oral
Há uma série de drogas esteroides anabolizantes fabricadas, nos dias de hoje – o médico Zogaib fala em “centenas ou milhares”. A apresentação mais comum é em ampolas para injeção intramuscular em estado aquoso ou oleoso. Alguns deles também são produzidos para uso via oral. O médico diz ainda de apresentações como pomadas, cremes cicatrizantes e adesivos. “Há uma série de veículos para administração das drogas, dose e concentração do princípio ativo. Porém, a base dos medicamentos é sempre a mesma: uma modificação da testosterona”, esclarece.
Reais indicações
As drogas anabolizantes têm um papel importante no tratamento de doenças. Homens que não produzem testosterona, por exemplo, precisam realizar aplicações. Indivíduos (do sexo masculino e também feminino) em situação catabólica, em que o organismo vai perdendo gordura, também podem fazer uso dos medicamentos – apenas com orientação médica, mesmo nessa situação. É o caso de portadores de HIV ou de alguns casos de câncer, por exemplo; anorexia e depressão também podem estimular a necessidade de introduzir hormônios no corpo. Em todos os casos clínicos, as doses são muito pequenas e não trazem consequências negativas.
Efeitos colaterais
Por trás dos aparentes resultados desejáveis, os anabolizantes provocam uma série de comprometimentos à saúde daqueles que os usam sem indicação clínica. O médico Paulo Zogaib aponta que entre eles está o aumento do colesterol ruim (LDL) e diminuição do colesterol bom (HDL), sobrecarga hepática que gera infecções e até câncer no fígado, hepatite medicamentosa, alterações do tecido cardíaco que podem levar a arritmias. Acne, mudanças de comportamento e aumento de agressividade também são consequências do uso de anabolizantes. Queda de cabelos e diminuição da produção de espermatozoides são outras alterações que acometem os homens, assim como o aparecimento de mamas e redução dos testículos.
Em mulheres
Por incrível que pareça, mulheres também estão fazendo uso de anabolizantes, nos dias atuais. Nelas, as “bombas”, além dos danos aos órgãos do corpo, têm efeito de virilização, com crescimento de pelos e engrossamento da voz, por exemplo. Involução da mama, alterações menstruais, parada da ovulação e aumento do clitóris também são resultados possíveis. Paulo Zogaib diz, no entanto, que os efeitos dos esteroides são variáveis e dependem de “individualidade biológica”, além do tempo de uso e das doses utilizadas.
Mercado negro
Mesmo em casos de reais indicações farmacológicas, apenas um médico pode prescrever os anabolizantes. Isso dificulta o acesso dos demais possíveis usuários, já que a venda é controlada pelos órgãos reguladores, fazendo que muitas vezes se recorra a formas paralelas de obter o produto. Nesses casos, os riscos são ainda maiores, pois não há garantias de que o medicamento adquirido atenda às condições adequadas de segurança e higiene. E o pior: não há como se comprovar que o medicamento adquirido tenha mesmo os esteroides prometidos em sua composição.
Blog de Deusa / Viva saúde uol
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