A professora Cristiane Margarida dos Santos Conti, 34 anos, de Praia Grande (SP), relata que teve uma gestação absolutamente normal. O nascimento do pequeno Guilherme foi gravado, e a cesariana ocorreu de maneira tranquila. Dois dias depois do parto ela teve alta hospitalar, porém no dia que chegou em casa, no período da tarde, notou que o filho não queria mais mamar. ”Ele ficou aproximadamente 18 horas sem colocar nada na boca”, conta.
Preocupados, os pais pensaram em levá-lo ao o pronto-socorro, porém, antes a mãe colocou leite materno na mamadeira e conseguiu fazer o Guilherme tomar, espirrando leite em sua boca.
Segundo a neurologista infantil Valeriana Ribeiro, da UNICAMP, e que vem acompanhando o caso de Guilherme, isso fez com que ele se restabelecesse, já que além do AVC, ele também estava tendo um quadro de hipoglicemia.
Segundo a neurologista infantil Valeriana Ribeiro, da UNICAMP, e que vem acompanhando o caso de Guilherme, isso fez com que ele se restabelecesse, já que além do AVC, ele também estava tendo um quadro de hipoglicemia.
Dois meses depois, na consulta de rotina com a pediatra, a médica notou que a fontanela do bebê, conhecida popularmente como moleira, tinha fechado precocemente. Solicitou, então, um ultrassom, pois havia suspeita de cranio estenose (doença que altera a forma do crânio e requer tratamento cirúrgico). Entretanto, o ultrassom não foi suficiente, e o pequeno Guilherme teve que fazer uma tomografia, quando foi constatado um AVC. (Leia matéria sobre AVC infantil aqui.)
“Foi um choque, porque eu nem sabia que criança tinha AVC. Na verdade, acho que a maioria das mães nem imagina que isso possa acontecer, ainda mais com um recém-nascido. A primeira pergunta que fiz à doutora foi se ele iria ter que tomar remédio a vida inteira e se sentiria dor. Ela respondeu que não, que ele apenas precisaria de muita fisioterapia. Isso já me trouxe um alívio tremendo”, relata.
Hoje, com nove meses de idade, Guilherme faz fisioterapia duas vezes por semana, além de terapia ocupacional. É difícil afirmar se ele terá sequelas por conta de sua idade precoce, entretanto o menino não sofreu nenhum dano intelectual. “Conforme ele cresce, a gente vai descobrindo [o grau de comprometimento]. Afetou mais a parte motora dele”, comenta a mãe. Muitos pais que já passaram pela mesma situação temem um novo AVC, algo que, segundo a dra. Valeriana, é bastante comum. “Isso gera muita ansiedade, por isso estamos sempre de olho nele”, conta Cristiane.
Além disso, o desconhecimento dos médicos causa certo desconforto na professora, que sempre anda com uma pasta cheia de exames na bolsa quando vai levá-lo ao médico. “Primeiro eles não acreditam. Depois, quando olham os exames, ficam espantados. Alguns ficam com receio de dar medicação, então é preciso falar com a neurologista antes”, diz.
Por conta da sua experiência, ela resolveu participar da comunidade no Facebook intitulada ”AVC em crianças, casos raros, mas reais”. “Converso com gente do Brasil inteiro, porque é uma maneira de trocar experiências. Minha vontade é gritar para todo mundo, pois existe muita falta de informação em relação a esse problema, principalmente na comunidade médica”, finaliza.
Blog de Deusa /
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