terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Informações - Médicos se surpreendem com gravidade de má-formação em bebês com microcefalia

Especialistas internacionais em microcefalia, má-formação cerebral que tem causado alarme no recente surto do vírus zika, dizem que estão surpresos pela severidade de um pequeno número de casos brasileiros que revisaram preliminarmente.
Consultas feitas entre médicos no Brasil e nos Estados Unidos aumentaram nas últimas duas semanas, e algumas das principais autoridades nessa condição estão encontrando padrões incomuns em avaliações de cérebros de recém-nascidos com má-formação.
Embora não se saiba quão representativas são essas avaliações, as primeiras observações desses médicos apontam para uma dura estrada pela frente para os bebês, suas famílias e suas comunidades, e aumentam as preocupações sobre a zika, cuja infecção por esse vírus suspeita-se que seja causa da microcefalia.
"Estamos no processo de coleta muito rápida de informação sobre o que tem sido visto", disse o geneticista William Dobyns, do Hospital Infantil de Seattle. "A condição que eu fui capaz de analisar, muito preliminarmente, é mais severa do que simples microcefalia."
O Zika vírus é normalmente transmitido pelo Aedes aegypti, causa sintomas moderados em cerca de 20 por cento dos casos e a maioria das pessoas não exibe nenhuma doença.
Mas uma dramática alta de novos de casos de microcefalia entre bebês em certas áreas do Brasil que registram surtos de Zika gerou um esforço internacional para determinar se o vírus causa a má-formação cerebral. A suspeita dessa associação levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar emergência internacional.
Dobyns passou 30 anos pesquisando e tratando pacientes com microcefalia, marcada pelo tamanho do cérebro menor que o normal em recém-nascidos e pode levar a deficiências de desenvolvimento, tanto moderadas quanto severas. Nos Estados Unidos, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) têm buscado a experiência do médico para compreender a epidemia.
Com um pequeno grupo de geneticistas e outros especialistas em microcefalia, ele recentemente analisou imagens de alguns bebês enviadas por uma faculdade brasileira. Todos os especialistas ficaram chocados pela escala das deformidades, disse Dobyns.
"Essas crianças têm uma forma muito severa de microcefalia", disse. "O cérebro não é apenas pequeno, é pequeno e com má-formações no córtex cerebral e calcificações. A aparência é de uma lesão muito severa e destrutiva no cérebro."
Particularmente alarmante, disse Dobyns, é a presença nos casos brasileiros de excesso de fluído cérebro espinhal entre o cérebro e o crânio dos bebês.
"Se o cérebro está crescendo e então encolhe repentinamente, então você verá fluído entre o cérebro e o crânio", disse ele. "Tem um padrão que sugere que o cérebro na verdade encolheu em tamanho."
O médico Leonardo Vedolin, neurologista e pesquisador do Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, compartilhou com Dobyns imagens de mais dois bebês com microcefalia nesta semana. Os médicos pertencem a um grupo que estuda defeitos cerebrais e que participa mensalmente de reunião por videoconferência. O grupo agora está concentrado no Zika.
Nem Vedolin nem o Ministério da Saúde do Brasil foram capazes de detalhar a severidade dos casos confirmados de microcefalia. Em geral, disse Vedolin, 5 por cento dos casos são severos. Mas a proporção parece ser maior entre os casos no Brasil, acrescentou.

Agência dos EUA amplia recomendações sobre zika para gestantes

  • Nancy Trinidad, que está com 32 semanas de gestação, escuta orientações de uma médica sobre como prevenir zika, dengue, chikungunya em um hospital público em San Juan, Porto Rico
    Nancy Trinidad, que está com 32 semanas de gestação, escuta orientações de uma médica sobre como prevenir zika, dengue, chikungunya em um hospital público em San Juan, Porto Rico
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) revisou nesta sexta-feira as suas orientações para gestantes e incluiu a recomendação de que mesmo aquelas sem os sintomas do vírus da zika devem passar por teste depois de retornarem de áreas afetadas.
As orientações atualizadas recomendam que as gestantes sejam examinadas duas a 12 semanas depois de retornarem de lugares onde o vírus infectou pessoas. Antes, a agência sugeriu os testes para as mulheres que apresentavam os sintomas.
Obstetras têm dito que, uma vez que 80% dos infectados pelo vírus não apresentam sintomas, muitas gestantes não teriam como saber com tempo suficiente para tomar uma decisão informada a respeito da criança ainda não nascida.
Embora a transmissão sexual da zika seja possível, a picada do mosquito continua como a principal forma de contrair o vírus, disse o CDC. A agência recomendou que as gestantes e os seus parceiros discutam com o médico qualquer exposição em potencial do homem à zika ou algum caso de uma doença com as mesmas características.
Homens com parceiras grávidas que moram ou viajaram a uma área de transmissão ativa da zika devem usar de forma consistente e correta o preservativo ou se abster das relações sexuais durante a gravidez, afirmou o CDC.
"A ciência não é clara sobre por quanto tempo o risco deve ser evitado", declarou o CDC. "Pesquisas estão em andamento para responder a essa questão o mais rápido possível".



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