segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Uma história de amor e amizade sobre TOC Autora canadense relata a experiência de escrever um livro de ficção com o transtorno obsessivo compulsivo como protagonista e reforça que essa condição é muito mais do que uma enumeração de sintomas

Uma história de amor e amizade sobre TOC
Conhecer o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é mais do que decorar seus sintomas. No romance O Herói Improvável da Sala 13B, a autora canadense Teresa Toten entra fundo na vida de um jovem que, logo na primeira página, já se vê apaixonado por uma menina mais velha que frequenta seu grupo de apoio. Nesta entrevista, ela conta a experiência de escrever o livro e relata como foi o convívio com esses pacientes.
De onde surgiu a ideia de escrever este livro?
Eu tive o privilégio de conversar com vários jovens que sofrem com TOC ou outras desordens de ansiedade sérias. Conheci alguns em palestras que dei em escolas ou festivais, mas outros ainda estão na minha vida. Eu os vi crescer. Em certos casos, é possível para esses jovens esconder sua condição enquanto outros são limitados por ela. Em todas as situações, eu me impressionei com a graça, coragem e inteligência desse pessoal. Ao longo dos anos, fiquei imaginando como seria passar um único dia com esse fardo invisível — e acho que escrevi o livro para descobrir.

Como foi a interação com os pacientes com TOC? Você também estudou bastante o tema?
Foi uma experiência desoladora e emocionante! Eu sabia que vários adolescentes vinham sofrendo e lidando com essa desordem em segredo. Eles tinham vergonha do que sentiam. Tenho a satisfação de dizer que isso está mudando em poucos anos. Como com outras doenças, há um número de tratamentos disponíveis hoje. Acho que parte dos casos de TOC pode ser curado e o restante pode ser gerenciado muito bem. Em todas as vezes, há como ajudar. Continue pesquisando, continue perguntando, continue tentando. Você não está sozinho! 
Curiosamente, tive que me proteger dos meus sentimentos ao escrever esse livro. É o meu 11º romance e sei que, às vezes, enfatizo um pouco demais os meus personagens. Eu fui cuidadosa para, dessa vez, construir um pequeno muro entre o que escrevia e o que sentia. Havia momentos em que simplesmente precisava sair um pouco antes de retornar às palavras.
Você recebeu algum retorno dos pacientes com TOC que leram o livro?
Tive muitos leitores simpáticos o suficiente para avaliar o romance antes de ser publicado. Entre eles estavam um psiquiatra, que também me ajudou com as pesquisas, um padre que ainda era terapeuta, dois jovens com TOC e um adulto com esse transtorno. Os comentários deles foram valiosíssimos para mim. Eu gastei mais de um ano pesquisando essa desordem e cheguei a frequentar um congresso internacional sobre o tema, onde conversei com muitos profissionais e pacientes. Com isso, estava relativamente confiante do material, mas nervosa em como ele seria recebido. 

Mas descobri que não precisava ter ficado tão ansiosa. Embora os sintomas variem muito e até mudem de tempos em tempos, eu fiquei emocionada com as cartas que recebi dizendo que havia muitas verdades no livro. Os pacientes afirmaram que estavam pedindo para seus amigos lerem para compreenderem a situação. Infelizmente, ainda vejo muitas cartas que começam com algo como: “por favor, não conte para ninguém, mas...”. Aí eu recebo uma imagem de uma vida cheia de dor, ainda envolta em segredo. 
Para quem esse livro é indicado?
Espero que esse livro seja, acima de tudo, uma história comovente sobre amor e amizade — e sobre obstáculos sérios envolvendo amor e amizade. Eu ainda torço para que seja um enredo realista e inspirador. Qualquer adulto ou jovem que se sentir atraído a esses temas também pode abraçar meu herói improvável.



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