sábado, 21 de fevereiro de 2015

Percepção errada de sobrepeso na adolescência pode aumentar risco de obesidade na vida adulta

Estudo observou cerca de 6,5 mil jovens aos 16 anos e, depois, aos 28

Opções de resposta que variam de muito baixo peso (1 ponto) a muito acima do peso (5)
Foto: Reprodução/Pixabay

Adolescentes que erroneamente se percebem como estando acima do peso têm, na verdade, maior risco de serem obesos na idade adulta, de acordo com resultados publicados na Psychological Science, um jornal da Association for Psychological Science.
Em comparação aos adolescentes que percebiam o seu peso com precisão, os adolescentes com peso saudável mas que acreditavam que estavam acima tinham um risco 40% maior de se tornarem obesos na idade adulta.

“Nossa pesquisa mostra que os fatores psicológicos são importantes para o desenvolvimento da obesidade”, diz a cientista psicológica e autora do estudo, Angelina Sutin, da Faculdade de Medicina da Universidade da Flórida.


Em um trabalho anterior, Sutin e o co-autor do estudo, Antonio Terracciano, descobriram que a discriminação baseada no peso foi associada a aumento do risco de obesidade. Eles imaginaram se as próprias percepções dos indivíduos - a auto-estigmatização - poderiam ser tão prejudiciais, especialmente durante um período de desenvolvimento tão crítico como a adolescência.

Os pesquisadores usaram o Estudo Longitudinal Nacional de Saúde do Adolescente, conhecido como “Add Health” (Adicionar Saúde, em tradução livre), para examinar altura, peso e os dados de autopercepção de um total de 6.523 adolescentes que participaram do estudo quando tinham cerca de 16 anos de idade e novamente quando eles estavam perto dos 28.

Aos 16 anos, os participantes foram convidados a avaliar o que eles pensavam sobre si mesmos em termos de peso, com opções de resposta que variam de muito baixo peso (1 ponto) a muito acima do peso (5). Os pesquisadores estavam principalmente interessados em observar os resultados para os adolescentes que se consideravam acima do peso, apesar de terem um peso saudável para os padrões médicos.

Há provavelmente vários mecanismos envolvidos no fenômeno apontado, disseram Sutin e Terracciano. Esses adolescentes podem estar mais propensos a se envolver em comportamentos insalubres de controle de peso, como o uso de pílulas de dieta ou vômitos, fatores conhecidos por estarem associados ao ganho de peso a longo prazo.

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Sutin e Terracciano ficaram surpresos ao descobrir que a ligação entre as percepções e obesidade mais tarde foi especialmente forte para os meninos: os meninos que se consideravam erroneamente como estando acima do peso mostraram um risco aumentado de 89% de obesidade mais tarde em comparação com aqueles que se percebem com precisão.

“Neste momento, não é muito claro por que a associação é mais forte para os meninos”, diz Sutin. “Pode ser que as meninas sejam atentas ao seu peso e, assim, podem intervir mais cedo quando sentir qualquer ganho de peso. Como tal, a profecia auto-realizável pode ser mais forte para os meninos do que as meninas. Não foi possível, no entanto, testar exatamente o motivo dessa diferença entre os sexos.”

Embora o foco da intervenção seja muitas vezes colocada em meninas e adolescentes que já estão acima do peso, estes resultados mostram que eles podem estar em muito mais risco de problemas de saúde mais tarde.


            Blog de Deusa / O Globo



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