Incômodo piora com alimentação desregrada. No especial, veja os sintomas de refluxo, o que o provoca e combinações saborosas para incluir na dieta
Volta e meia alguém reclama de refluxo ou de gastrite. Os sintomas mais clássicos do problema são a azia e a queimação, mas há alguns outros que poucos relacionam ao desconforto, como sensação de bola na garganta ou dificuldade para engolir .
Não é por menos, esses problemas incomodam bastante, e o maior sofrimento é na hora de comer. Ou melhor, depois.
A alimentação errada piora as duas condições, e acaba sendo um verdadeiro desafio suprir as vitaminas diárias com criatividade com restrições alimentares. Mesmo para os mais criativos, não é nada fácil pensar em receitas saborosas com os ingredientes permitidos pelos médicos.
Os especialistas recomendam refeições mais leves, livres de frituras, condimentos, chocolate, café, chá preto, álcool e refrigerantes. Outra dica importantíssima segundo eles é não passar mais de três horas sem comer. À noite, evitar jantares e, se comer, esperar pelo menos duas horas antes de se deitar.
O nutrólogo Roberto Navarro explica as restrições alimentares e a culinarista Malu Lobo, com supervisão do nutrólogo, mostra receitas para quem saiu do médico com uma série de recomendações e não consegue pensar em como combinar alimentos para que o resultado seja gostoso ao paladar.
>> 10 receitas elaboradas para quem tem refluxo e gastrite:Saiba mais sobre as duas doenças:
Refluxo
O refluxo gastroesofágico acontece quando o conteúdo que já está no estômago reflui esôfago acima, explica o nutrólogo Roberto Navarro.
“Toda vez que comemos, a comida vai pelo esôfago para o estômago. Para entrar no estômago, existe uma válvula, como se fosse uma ‘porta’. Ela abre e fecha em seguida, para o ácido clorídrico que está no estômago não voltar ao esôfago”, diz.
Quando essa “porta” funciona mal é que acontece o refluxo. Se ela não fecha corretamente, o líquido reflui e causa os sintomas incômodos: azia e sensação de bolo na garganta e até de sufocamento.
Navarro explica que o tempo de tratamento depende de cada caso e grau de refluxo. “Alguns casos são cirúrgicos, outros são medicamentosos”.
Comidas gordurosas, por exemplo, arruínam o bem-estar de quem tem refluxo. “A gordura exige uma digestão maior, mais intensa, que precisa de mais ácido clorídrico, o do estômago. Isso acontece também com a proteína”, explica Navarro.
“Croissants, alimentos recheados e amanteigados, queijos muito gordurosos (amarelos), gordura do leite integral, margarina, manteiga, bacon, sorvetes cremosos, chocolates, bebidas gasosas, álcool, pimentas e comidas oleosas costumam piorar o refluxo gastroesofágico”, diz.
Veja mais sobre refluxo e dicas para minimizar o problema no vídeo abaixo:
O que causa refluxo?
Além do aumento da acidez do estômago, Navarro explica que as causas para o mau funcionamento da válvula são variadas, desde alguma má formação até o deslocamento da válvula de lugar, causado pelo diafragma, uma membrana que separa o tórax do abdômen. O ganho de peso também é um vilão.
“Com o ganho de gordura e a obesidade, a pressão dentro da barriga fica maior, comprimindo o estômago. O suco gástrico pressiona a válvula e ela abre, acontecendo o refluxo”, explica o médico.
A alimentação é fundamental para o sucesso do tratamento. Além de evitar comidas gordurosas, o médico explica que algumas pessoas podem ter desconforto com alimentos cítricos. “Não tem tanta correlação com cítricos, mas alguns pacientes com refluxo vão relatar”, diz.
Entre as causas de refluxo também está a hérnia de hiato (alteração na pressão do estômago no esôfago). É comum bebês terem refluxo, mas isso é temporário e ocorre porque eles ainda não têm controle suficiente dos mecanismos.
Confundidos pelos sintomas mais frequentes, muitos pacientes procuram os especialistas acreditando que sofrem de gastrite. Porém, os médicos ressaltam que o refluxo pode estar escondido sob tosses crônicas, pigarros, rouquidão, asma, alterações de sono, dor toráxica e até desgaste do esmalte dos dentes.
Gastrite
Diferente do refluxo gastroesofágico, a gastrite não é causada por um problema na válvula que separa o esôfago do estômago. Gastrite é um estômago inflamado, machucado.
“A pessoa até pode ter as duas condições simultaneamente, mas a gastrite em si é uma inflamação na mucosa gástrica”, explica o nutrólogo.
O excesso de ácido clorídrico é o que deve ser combatido neste caso. A razão para o ardor no estômago? Medicamentos, tendência genética, bactéria H. Pylori – que encontrou moradia no estômago de 70% dos brasileiros e é eliminada por meio de antibióticos – e excesso de alimentos irritantes para o estômago, como cafeína, álcool e condimentos.
“No entanto, isso depende bastante da susceptibilidade individual. Algumas pessoas têm tendência maior a ter gastrite por causa de determinados alimentos, outras têm resistência maior. Isso é geneticamente herdado”, explica o médico.
Navarro conta que, depois do tratamento – que envolve uma reeducação alimentar e, às vezes, uso de remédios – a gastrite é curada. Se as recomendações médicas não forem seguidas depois da cura, a mucosa do estômago pode se lesionar novamente. “Se voltar a errar na alimentação, a gastrite pode voltar. A orientação para quem tem gastrite crônica é um cuidado para o resto da vida”, detalha o especialista.
Exames
Para identificar a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), os pacientes realizam endoscopias, esofagogramas e pHmetrias – exames que avaliam o estômago, o esôfago e a faringe e medem a quantidade de ácido que sobe do estômago para o esôfago. As endoscopias, primeira e mais comum das avaliações, falham na identificação de 50% dos casos de refluxo. Por isso, o médico não deve desistir da investigação facilmente.
Tratamento além da alimentação
Modificada a dieta, grande parte dos pacientes com refluxo terá de encarar medicamentos diários, usados para diminuir a quantidade de ácido no estômago.
“O refluxo é uma doença crônica e cíclica. Os aspectos emocionais influenciam diretamente o controle dos sintomas”, ressalta a presidente da Sociedade de Gastroenterologia de Brasília, Adélia Carmen Silva de Jesus.
Em alguns casos é recomendado cirurgia para corrigir o controle do esfíncter, mas a indicação só serve para quem tem boa resposta aos medicamentos. Além disso, há relatos de que, alguns anos depois, os sintomas podem voltar.
Blog de Deusa / Saúde bem estar
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