quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Aedes aegypti pode transmitir vírus da febre chikungunya

Pesquisa inédita do Instituto Oswaldo Cruz comprova que o mosquito é possível vetor da doença, que exibe sintomas semelhantes aos da dengue e já causou epidemias na Ásia, na África e na Europa. Ministério da Saúde tem plano para frear o contágio no país.

Pacientes com a febre da chikungunya são atendidos em hospital na Índia: transmissão da doença é mais rápida que a da dengue (Ajit Solanki/AFP - 17/1/2008)
Pacientes com a febre da chikungunya são atendidos em hospital na Índia: transmissão da doença é mais rápida que a da dengue

A dengue e a febre amarela não são as únicas ameaças carregadas pelo Aedes aegypti. Um dos vetores mais temidos nos países tropicais, o mosquito também pode transmitir o vírus da chikungunya, febre que tem sintomas similares aos das outras doenças e já causou graves epidemias na Ásia, na África, na Europa e no Caribe. É o que mostra um estudo coordenado por cientistas nacionais e publicado na última edição do Journal of Virology. Isso significa que o risco de o novo micro-organismo se espalhar pelas Américas e, especialmente pelo Brasil, é bastante alto, uma vez que, após diversos experimentos, os pesquisadores constataram que os insetos existentes no continente são extremamente vulneráveis a diferentes tipos do vírus.

Uma equipe do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro, em parceria com o Instituto Pasteur, em Paris, avaliou a capacidade de os mosquitos americanos — dos Estados Unidos ao Uruguai — transmitirem o agente causador da chikungunya. “Nós pegamos 35 amostras de mosquitos de vários lugares do continente, tanto do tipo Aedes aegypti quanto do Aedes albopictus e desafiamos esses insetos com três amostras diferentes do vírus: uma africana, uma do Oceano Índico e outra asiática”, detalha Ricardo Lourenço, pesquisador do Laboratório de Hematozoários do IOC e coordenador do estudo.

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Os diversos experimentos confirmaram a eficiência desses vetores para a transmissão da febre. Segundo Lourenço, isso confirma que o Brasil é receptível e vulnerável ao patógeno. A situação se agrava com a proximidade física de países que enfrentaram epidemias recentemente, como o Caribe e a Guiana Francesa, e a realização da Copa do Mundo, que proporcionará um grande trânsito de turistas. O pesquisador ressalta, porém, que o Ministério da Saúde e a Secretaria de Vigilância em Saúde já estão atentos à possibilidade de entrada do vírus no país. “Desde 2009, documentos foram produzidos para capacitar médicos. Centros de diagnósticos estão sendo preparados para detectar precocemente os casos.”

A ideia é preparar um bloqueio de transmissão. Os resultados recolhidos por Lourenço e colegas ajudarão a intensificar esse trabalho. “A população não deve ficar alarmada. Os profissionais foram capacitados para lidar com a situação o mais rapidamente possível, evitando maiores danos”, garante o especialista. Em 2010, dois casos da doença foram diagnosticados no país, mas não se espalharam. Os dois pacientes diagnosticados tiveram contato com o micro-organismo em outros continentes e chegaram ao Brasil já infectados.

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