Fazer pulseiras a partir do entrelaçamento de elásticos é a brincadeira do momento entre crianças e adolescentes. Para constatar a febre, basta visitar uma escola na hora do recreio. Mas o hobby está sob suspeita.
Segundo a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), uma entidade civil sem fins lucrativos, alguns dos produtos em circulação no mercado nacional, cópias da marca americana Rainbow Loom, possuem uma substância cancerígena em sua composição e, com base em estudos realizados na Europa, a instituição pediu a fiscalização e o recolhimento desses produtos pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e pelo Procon.
“A substância proibida é o ftalato, que é utilizada para deixar o plástico mais flexível. Testes realizados na Inglaterra, pelo Birmingham Assay Office, constataram 40% de ftalato nos acessórios das pulseiras, sendo que o máximo permitido é 0,1%”, afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.
O problema estaria ligado não aos elásticos coloridos propriamente ditos, mas aos fechos usados para acabamento da pulseira. Os danos à saúde podem surgir por meio de ingestão ou por contato dérmico, de acordo com Alvaro Pulchinelli, assessor médico em toxicologia do laboratório Fleury Medicina e Saúde.
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“Os derivados de ftalato funcionam como disruptores endócrinos. Estudos epidemiológicos indicam que a exposição excessiva ao longo dos anos estaria associada a quadros de obesidade, alterações ligadas ao sistema reprodutor masculino e feminino”, diz o especialista.
No entanto, a única marca de pulseiras que possui, oficialmente, produtos à venda no Brasil passou por avaliação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). “Ela foi aprovada e certificada, o que significa que passou pelos ensaios da substância e se encontra dentro dos limites de tolerância”, informa a instituição. A polêmica gira em torno de produtos falsificados ou de origem chinesa.
Para evitar qualquer tipo de inconveniente, o Inmetro e a Proteste não recomendam a compra no mercado informal ou camelôs, já que o consumidor não pode comprovar a procedência do material, e o rótulo não traz os detalhamentos necessários.
Wylma Hossaka, pediatra da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, também defende o uso de produtos certificados e pede atenção dos pais para o mau uso dos elásticos e possíveis lesões. “O bracelete não pode ser justo e não é aconselhável dormir com o acessório, assim como correntinha ou qualquer coisa que possa enroscar durante o sono. Recomendo que os adornos não sejam levados à boca, usados no pescoço nem amarrados no dedo ou em qualquer lugar que pare a circulação arterial. Principalmente, durante o manuseio da produção”, fala a médica. Para fazer a pulseira, pode-se entrelaçar os elásticos com os dedos ou com acessórios próprios para o fim.
A empresária Thais Bohm, 35 anos, conta que as filhas gêmeas, Giovanna e Luiza, 12, aprenderam a manusear os produtos na escola e não pensa em proibi-las da utilização.
“Pode ser que, com uso contínuo, por muitos anos, seja danoso, mas achei um alarde desnecessário porque como toda modinha essa também vai passar”, fala.
Já a mãe de Matheus Silva, 9, assume ter ficado com receio após as notícias de contaminação. Apesar de ter comprado apenas produtos originais, a coordenadora financeira planeja suspender o brinquedo. “Se realmente for comprovado que é prejudicial, lógico que vou proibir. Já orientei que ele não pode usar o dia inteiro”, conta.
Tomadas as precauções na escolha do brinquedo, a pediatra Wylma Hossaka diz que a moda colorida nos braços tem uma função social importante. A especialista a compara com brincadeiras manuais de outras épocas. “As crianças passam horas em tablet, celular e jogos eletrônicos. A pulseira é ludicamente importante nessa era, desenvolve a criatividade, o senso estético e o visual e a capacidade de imaginação”, afirma.
Blog de Deusa/ Google
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